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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Filisteus
A origem dos filisteus (do hebraico פְּלְשְׁתִּים plishtim) ainda hoje é motivo de controvérsias. Há polêmica até mesmo sobre o fato se se tratava de um único povo ou de uma confederação de povos que migraram do Mar Egeu para o leste do Mar Mediterrâneo no século XIII a.C..
Mapa da região de Israel, 830 a.C.
História
Origem
Até o século passado, todo o resplendor da civilização filistéia era apenas mais um dos mistérios indecifráveis da história da humanidade. Quem eram os filisteus, de onde tinham vindo e por que desapareceram, ninguém sabia. Tudo que se conhecia estava no Velho Testamento. E só. Era certo que chegaram como invasores e ocuparam as terras de Canaã, desde a atual faixa de Gaza até o território onde hoje se encontra a capital israelense, Telavive. Especulava-se também que chegaram lá entre os séculos XIII e XII a.C., já que as primeiras referências a eles são do chamado período dos Juízes, quando os descendentes de Abraão ainda não passavam de grupos de pastores e a única unidade entre as tribos judaicas era a religião. No mais, a narrativa bíblica enfatizava o convívio tumultuado entre os dois povos, até que, no século VII a.C., eles simplesmente somem tanto das páginas da Bíblia, como de Canaã e da história.
No século XVIII, no entanto, graças ao enciclopedista francês Dom Calmet, surgiria a primeira tese plausível sobre a origem dos filisteus. Especialista na Bíblia, em Lingüística e profundo conhecedor da História greco-romana, Calmet dedicou a vida àquilo que esperava ser a enciclopédia definitiva sobre todo o conhecimento bíblico. Mas durante seu trabalho deparou um problema: como escrever um verbete sobre os filisteus, se os textos bíblicos eram extremamente vagos? As únicas pistas que encontrou foram referências a eles como habitantes de uma misteriosa ilha chamada Caphtor ou ainda como integrantes da desconhecida nação dos ceretitas.
Uma barreira aparentemente intransponível, não fosse uma pista reveladora. Consultando uma versão da Bíblia em grego do século II a.C., feita em Alexandria, no Egito, Calmet viu que nação dos ceretitas tinha sido traduzida como nação dos cretenses. Seriam os filisteus cretenses? Mais tarde, ele achou uma confirmação valiosa de sua desconfiança em documentos bizantinos do século VI: neles, Gaza, um dos grandes centros filisteus, era chamada Minoa em homenagem ao rei Minos de Creta, que teria visitado a cidade e lhe dera seu nome. Quando publicou, em 1720, sua enciclopédia, Calmet já não tinha mais nenhum tipo de dúvida: Caphtor virou Creta e os filisteus foram apresentados como imigrantes cretenses em Canaã.
Invasão ao Egito
Embora não passasse de uma engenhosa conjugação de textos, sem provas históricas, hoje se sabe que antes da controvertida tese de Calmet ninguém chegou tão perto da verdade sobre os filisteus. Mas foi preciso esperar 109 anos até que, definitivamente, essa relação entre os filisteus e o mundo grego da Idade do Bronze fosse confirmada. E, novamente por obra dos franceses, na famosa excursão de Napoleão Bonaparte ao Egito, em 1798, a mesma que levou para a Europa a Pedra da Roseta usada por Jean-François Cham-pollion para decifrar os hieróglifos. Impressionado com um mural esculpido nas paredes de um templo no sul do Egito, um artista chamado Dominique Vivant Donon resolveu reproduzir suas cenas: batalhas em terra e no mar entre egípcios e um estranho povo com cocares de penas; pelejas que durante muito tempo se acreditou serem parte de uma campanha do faraó Sesóstris na Índia, no século XX a.C.
Em 1829, Champollion em pessoa enterraria essa versão durante sua visita ao templo, chamado Medinet Habu, quando traduziu uma palavra-chave que mudou totalmente a história daqueles desenhos: filisteus. Os relevos de Tebas não tinham nada a ver com Sesóstris ou a Índia, mas, sim, retratavam a vitória, cerca de 800 anos depois, de Ramsés III contra uma tentativa de invasão dos chamados Povos do Mar, guerreiros provenientes do Mar Egeu. Entre eles, os filisteus.
Nas paredes construídas por Ramsés III, hieroglifos recontam as disputas do século XII a.C.
Em Medinet Habu, o faraó perpetuou sua suposta vitória sobre os povos do mar.
A saga de Ramsés eternizada nas paredes de Medinet Habu é o marco da redescoberta da história filistéia e, atualmente, poucos duvidam de que o fracasso no Egito seja a origem da colonização de Canaã pelos Povos do Mar além dos filisteus, também se estabeleceram lá pelo menos mais três deles, os sardanas, os sicalaias e os danunas, todos presentes na tentativa de invasão do Império do Nilo. Foi provavelmente a serviço do faraó vitorioso que eles chegaram à terra dos cananeus. Na época, Ramsés enfrentava dificuldades para manter o controle de suas posses na região e pode ter enviado os prisioneiros de guerra, na condição de mercenários, para garantir a defesa de suas cidades. Além disso, quando tentaram entrar no Egito, os guerreiros do mar não vinham sozinhos, mas traziam mulheres e crianças: para muitos historiadores, a presença das famílias é uma prova de que o ataque aconteceu como uma migração em massa, após a destruição de Tróia. É quase certo que os Povos do Mar lutaram como aliados dos troianos e foram obrigados a fugir com a vitória dos atenienses e espartanos, novos senhores da Grécia e do Egeu, que ergueram seus domínios sobre as cinzas de potências micênicas como Creta, Chipre, Tróia e Micenas.
Daí em diante, tudo o que se sabe sobre os filisteus se deve ao trabalho de arqueólogos, que a partir da metade do século passado se empenharam em recuperar a memória dos filisteus e de todo o mundo micênico, desenterrando achados sensacionais como Tróia, o palácio de Cnossos em Creta e a própria cidade de Micenas. No caso da Palestina nome da região vem da transliteração hebraica de Philistia , o declínio da influência egípcia transformaria os filisteus em seus herdeiros naturais como senhores da região.
Uma Poderosa Civilização
Durante a fase dos Juízes, eles reinaram absolutos.
Juízes 1.18: Eles não tomaram Gaza, Asquelom e Ecrom e os seus territórios vizinhos. O Senhor Deus ajudou o povo de Judá, e eles conquistaram a região das montanhas. Mas não puderam expulsar os moradores do litoral porque estes tinham carros de ferro (carros de guerra de ferro).
Morte do Rei Saul de Israel
Em uma grande batalha os filisteus derrotaram os israelitas, mataram os filhos do rei Saul e como Saul já havia se suicidado, acharam seu corpo cortaram sua cabeça e mandaram ela e também as armas do rei através de mensageiros para o território filisteu a fim de darem as boas notícias ao seu povo para celebrarem a vitória. Os filisteus conquistaram o vale de Jezreel e ocuparam as cidades do vale.
I Crônicas 10.1-10: 1. Os filisteus lutaram contra os israelitas no monte Gilboa. Muitos israelitas foram mortos ali, e o resto fugiu. Entre os que fugiram estavam o rei Saul e os seus filhos. 2. Mas os filisteus os cercaram e mataram Jônatas, Abinadabe e Malquisua, filhos de Saul. 3. A luta estava feroz em volta de Saul, que foi atingido por flechas inimigas e ficou muito ferido.
4. ...Então Saul pegou a sua própria espada e se jogou sobre ela.
6. E assim Saul e os seus três filhos morreram juntos, e nenhum dos seus descendentes se tornou rei. 7. Quando os israelitas que moravam no vale de Jeszeel souberam que o exército de Israel havia fugido e que Saul e os seus filhos tinham sido mortos, abandonaram as suas cidades e fugiram . Então os filisteus foram e ocuparam aquelas cidades. 8. Um dia depois da batalha, quando os filisteus voltaram lá para tirar dos mortos as coisas de valor, acharam os corpos de Saul e dos seus filhos caídos no monte Gilboa. 9. Então cortaram a cabeça de Saul e pegaram as armas dele. Depois mandaram mensageiros com elas para o território filisteu a fim de darem as boas notícias aos seus ídolos e ao povo.
10. Eles puseram as armas dele num dos seus templos e penduraram a sua cabeça no templo de Dagom, o deus deles.
O poder militar e econômico de suas cidades, Ashkelon, Gaza, Ashdod, Gate e Ekron, era incontestável, assim como sua cultura, que aos poucos deixou de lado a reprodução da arte micênica para se tornar uma espécie de amálgama cultural com as mais variadas influências. A cerâmica foi abandonando o estilo típico dos egeus para ganhar personalidade própria. As covas coletivas também foram deixadas de lado, substituídas pelos enterros individuais em esquifes de barro inspirados nos sarcófagos egípcios. Em Ekron, por exemplo, descoberta na década de 80 pela arqueóloga israelense Trude Dothan, enquanto as residências mais antigas ainda guardavam o hábito de construir grandes círculos no meio dos salões, uma espécie de lareira central cultivada em palácios micênicos, nas construções mais novas eles foram descartados.
Mas não foi só o mito da bárbarie dos filisteus que sucumbiu ao trabalho dos arqueólogos. Apesar da rivalidade enfatizada pela Bíblia, não são poucos os que acreditam que durante muito tempo filisteus e hebreus compartilharam uma intimidade desconcertante. Segundo o arqueólogo israelense Yigael Yadin, Sansão, o truculento juiz da tribo de dã uma das doze que constituíram Israel , era descendente dos Povos do Mar: os Filhos de Israel da Tribo de Dã, na verdade, seriam danunas, os mesmos dos relevos de Medinet Habu. Para Yadin, só isso explica certas atitudes da gente de Sansão: seu pai, por exemplo, permitiu que ele se casasse com uma filistéia, hábito impensável para outras tribos, e o próprio Sansão costumava assediar sem cerimônia as mulheres inimigas. Não só freqüentou uma prostituta de Gaza, como sucumbiu aos encantos de Dalila, agente filistéia. Nenhum outro hebreu jamais se atreveu a tanta confraternização. Assim como nenhum outro herói bíblico é reverenciado por sua virilidade ou dotes físicos como Sansão, que lembra mais um deus grego do que um pastor judeu. Como os danunas desapareceram sem deixar vestígios, Yadin acha que eles entraram em choque com os filisteus e migraram para o norte, fundando a cidade de Dan e aliando-se definitivamente a Israel.
O próprio Davi, que com sua vitória conquistou a mão da filha do rei Saul e se tornou rei de Israel, parece ter convivido intimamente com eles. Davi quando foi perseguido por Saul se refugiou na cidade de Gate com seus 600 guerreiros servindo como mercenário a Aquis governador de Gate.
Sociedade
Uma mudança radical na imagem dos filisteus, que a cada nova escavação desvenda aspectos desconhecidos de uma história escondida pelas terras áridas do deserto. Cidades bem organizadas, cercadas por muralhas sólidas e com áreas industriais e residenciais nitidamente separadas, prédios públicos e templos grandiosos, palácios no mais puro estilo arquitetônico micênico, são pouco a pouco reconstruídos nos sítios arqueológicos.
Engenharia
Os Filisteus destacaram-se na arte da construção naval, introduzindo grandes inovações tais como a âncora de pedra com braços de madeira, a vela móvel para as embarcações e o cesto da gávea.
Arquitetura
A arquitetura também pôde se beneficiar: até então, a construção fazia uso apenas de pedras brutas e tijolos. Os povos do mar trouxeram a técnica de esculpir grandes blocos rochosos. Além disso, desenvolveram e aperfeiçoaram o processamento de metais.
Indústria
Tinham uma grande força econômica: em quase todos os seus centros urbanos, restos de inúmeras oficinas denunciam uma atividade incessante.
Pequenas confecções e tinturarias foram encontradas em quantidade. Sua indústria cerâmica, capaz de criar peças sofisticadas, enfeitadas com desenhos de espirais, pássaros, animais e homens marcas registradas da cultura micênica , contrastava com a humilde arte dos israelitas, que na época ainda produziam vasos de barro cru. A fama de sua metalurgia, que os próprios textos bíblicos registram, também não era gratuita: forjas de bronze e adagas finamente acabadas, com cabo de marfim, fazem parte de seu legado.
Em XI a.C., as cidades filistéias floresceram e destacavam-se pelos espaços amplos e pelas generosas construções. Os templos, erguidos em veneração a Dagan, impressionavam pela vastidão de suas galerias, cujas pilastras sustentavam tetos semi-abertos. Em seu interior, ardiam fogos sagrados, e altares móveis, nichos e plataformas de oração guarneciam os locais de culto. Em Ashcalon, vinhos exóticos eram produzidos e exportados. Numerosas garrafas foram desenterradas no local, comprovando que os habitantes dessa cidade gostavam de consumir a bebida, além da tradicional cerveja. Ecron, por sua vez, alcançou fama nacional e talvez até internacional pela produção de outro líquido precioso: o óleo de oliva, que se destacou na época pela excepcional qualidade. As instalações para produzir azeite de oliva eram tão grandes que, pelos cálculos dos estudiosos, a produção média devia ultrapassar 1 milhão de litros por ano, um quinto do que Israel exporta atualmente.
Culinária
Seu cardápio incluía – além de boi, carneiro, aves e cabra – carne de porco, ingrediente culinário impensável para os hebreus e não encontrado nas montanhas vizinhas, habitadas pelos israelitas.
Religião
Os seus principais deuses eram Dagon, Baal-Zebub e Astarote.
Os filisteus não veneravam um único deus patriarcal mas uma grande quantidade de deuses e deusas.
Dagon
Dagom — Peixinho; diminuitivo de dag = peixe, o deus-peixe; Esse ídolo tinha o corpo de um peixe, a cabeça e os braços de um homem. Era uma deidade assíria-babilônia. Dagom teve origem na Babilônia.
Dagom representava a fertilidade, e a abundância na pesca. poderiam suprir seu povo com ouro e gemas preciosas, além de garantir fartura em sua principal atividade. a pesca. Em troca, sacrifícios humanos eram oferecidos de tempos em tempos aos "Profundos", em nome de Dagon.
Para veneração a Dagon, templos eram erguidos e impressionavam pela vastidão de suas galerias, cujas pilastras sustentavam tetos semi-abertos. Em seu interior, ardiam fogos sagrados, e altares móveis, nichos e plataformas de oração guarneciam os locais de culto.
Havia templos consagrados ao deus Dagom em Gaza e Asdode
Esse mesmo "deus" e seus templos de adoração são referenciados por diversas vezes no Antigo Testamento, em trechos de José e Samuel. O evento mais conhecido nas escrituras, é a destruição de um de seus templos por Sansão, em seu último ato.
Sacerdote de Dagom vestido com uma mitra espargindo água benta com uma mão e segurando uma vasilha de água na outra.
Dois sacerdotes de Dagom espargindo água benta enquanto olham para um símbolo egípcio da adoração ao sol.
A Dagon era oferecido os despojos das vitórias:
(Jz 16.23,24;) Os líderes dos filisteus se reuniram para oferecer um grande sacrifício a seu deus Dagom e para festejar. Comemorando sua vitória, diziam: “O nosso deus entregou o nosso inimigo Sansão em nossas mãos”. Quando o povo o viu, louvou o seu deus:“O nosso deus nos entregou o nosso inimigo, o devastador da nossa terra, aquele que multiplicava os nossos mortos…Por isso, até hoje, os sacerdotes de Dagom e todos os que entram em seu templo, em Asdode, não pisam na soleira.
Em certa época os filisteus, derrotaram Israel depois de uma grande batalha, e levaram a arca do concerto (arca da aliança).
Os filisteus a colocaram em um templo que era dedicado a Dagon, deus dos filisteus. Para os filisteus a arca tornou-se um grande problema. Por duas vezes a imagem de Dagon caiu durante a noite diante da arca o que constrangeu os filisteus que também tiveram milhares de pessoas com tumores e a terra deles fora tomada por ratos, sendo que o castigo só terminou depois que devolveram a arca para os israelitas.
Os filisteus concluíram que a arca era sagrada e nunca mais ousaram toma-la. (1 Sm 5.5,6)
(1 Cr 10.9-10) Então cortaram a cabeça de Saul e pegaram as armas dele. Depois mandaram mensageiros com elas para o território filisteu a fim de darem as boas notícias aos seus ídolos e ao povo.
Eles puseram as armas dele num dos seus templos e penduraram a sua cabeça no templo de Dagom, o deus deles.
Baal-Zebube
Deus Filisteu de Ecrom; (Ecrom – Era a mais setentrional ou mais ao norte, das cinco cidades pertencentes aos príncipes dos filisteus).
Havia ali um grande santuário de Baal. O ídolo de Baal que foi adorado era chamado Baal-Zebube (Dono das Moscas)
Era o deus responsável por livrar o povo da praga das moscas. Os cultos a baal eram os mais imorais possíveis, e dentre os ritos eram praticados entre outras coisas o culto a "prática sexual", por ser a responsável pela reprodução de seres vivos.
Astarote
Astarote, ou Astarte, com os seus crescentes, o era com a Lua, simbolizada pela vaca. o culto desta deusa veio dos caldeus para os cananeus. Era a deusa-mãe com aspectos de deusa da fertilidade, do amor e representando uma mulher despida, poder produtivo e da guerra. Entre os filisteus o seu culto era acompanhado de grande licenciosidade, em que os bosques representavam uma proeminente parte. As pombas eram-lhe consagradas.
O Gigante Golias
A provocação vinha de muitos dias. As tropas alinhadas frente a frente nas colinas de Judá não tinham se encorajado ao combate, mas o fanfarrão Golias não poupava os israelitas. Desde a derrota de Ebenezer, por volta de 1050 a.C., quando a Arca da Aliança foi capturada pelos filisteus, os judeus vinham amargando seguidas humilhações para seus eternos rivais, e as bravatas do gigante Golias pareciam confirmar esse destino. Com quase 2 metros de altura, diariamente ele desafiava os guerreiros de Israel, sem jamais encontrar resposta. Um dia, porém, alguém resolveu aceitar o convite. Não um soldado, mas um jovem chamado Davi. Munido apenas com uma funda, o rapaz enfrentou o desafiante e conseguiu o que parecia impossível: a pedra lançada por sua arma atingiu a cabeça do gigante Golias, derrubando o mais bravo dos soldados filisteus e, com ele, o moral do seu exército.
Enquanto para os hebreus surgia ali um novo herói, o futuro rei que unificaria Israel e Judá, para os filisteus aquela pedrada certeira foi o início do fim. Com a derrota de Golias, começava o declínio da hegemonia em Canaã desse misterioso povo, que atravessou quase 3.000 anos de história condenado ao papel que a Bíblia lhe reservou: uma escória de bárbaros cruéis e mudos, sem direito a sua própria história, já que nenhum vestígio deles foi encontrado até a metade do século passado. Nas últimas décadas, no entanto, escavações arqueológicas em Israel revelaram outra face dos filisteus, bem mais fiel à realidade do que aquela pintada nas passagens bíblicas. Os vilões que subornaram Dalila para descobrir o segredo da força de Sansão, os ladrões que se apoderaram da Arca da Aliança e encontraram em Davi o seu algoz eram uma sociedade brilhante e desenvolvida, que durante muito tempo foi uma espécie de agente civilizatório da cultura grega micênica na região de Canaã.
Declínio e Desaparecimento
Davi, quando subiu ao poder, em 1006 a.C., não demonstrou condescendência com seus inimigos. A união de Judá e Israel fez do novo Estado israelita a grande potência regional, aniquilando o poderio filisteu: cidades como Qasile e Ekron foram transformadas em cinzas e as rotas comerciais do interior ficaram com os hebreus.
Além dos hebreus, os arameus, babilônios e assírios foram de igual importância para sua decadência. Os arameus, por exemplo, não mediram esforços para conquistar a cobiçada Gate e, no século IX a.C., chegaram a sitiá-la, escavando um poço com mais de seis metros de profundidade e sete de largura. Após ser tomada, a cidade nunca mais se recuperou da destruição, desaparecendo dos registros por volta do século VII a.C. A última menção a ela ocorre em 712 a.C., quando foi conquistada pelos assírios e obrigada a pagar pesados tributos ao rei Sargão II, que no mesmo período dobrou Ecron ao seu jugo. Ashdod já havia se tornado província assíria um ano antes.
Os filisteus, sobreviveram e, com a chegada dos assírios, conheceriam um novo período de apogeu: Ekron, depois de conquistada pelo rei Sargão II, em 712 a.C., foi promovida a capital da província assíria de Canaã e voltou a brilhar. Até que, 100 anos depois, o novo período de glória encontraria um fim trágico e definitivo. Ironicamente, compartilhado com os hebreus. Após a conquista de Israel e a destruição do templo de Jerusalém, em 586 a.C., Nabucodonosor dedicou-se a aniquilar a civilização filistéia. O Rei destruiu as cidades filistéias de Ashod, Askalon e Ekron (Gate já havia sido destruída no século IX a.C em guerras contra os Arameus). Elas foram arrasadas e queimadas pelas tropas de Nabucodonosor.
Invasão Babilônica
Com a chegada de Nabucodonosor, Ecron, Ashdod e Ashcalon, sofreram a derradeira destruição. As escavações testemunham o cenário de horror que se estabeleceu. Ashcalon, com suas ruas de comércio, templos e palácios, foi inteiramente incendiada. Nada nem ninguém foi poupado, e os sítios arqueológicos atestam a existência somente de escombros de guerra. Em Ecron, o fogo dos conquistadores ardeu com tamanha intensidade que arrebentou as pedras calcárias das construções. Nenhuma peça de cerâmica permaneceu inteira, comprovando a violência do assalto que se abateu como uma catástrofe natural sobre a cidade. Depois da completa destruição, os poucos moradores sobreviventes foram aprisionados e deportados para a Babilônia.
Os sobreviventes de todas elas também foram levados para o cativeiro da Babilônia, a milhares de quilômetros de distância de suas cidades destruídas.
Ao contrário de seus inimigos Hebreus, quando da queda do Império Babilônico pelos exércitos de Ciro, o grande da Pérsia, os Filisteus não retornaram às suas cidades. Elas ficaram abandonadas por muitos anos até serem novamente ocupadas por outros povos sob domínio do Império Persa (sobretudo Fenícios). Os Filisteus desapareceram da História. Um povo inteiro deixou de existir. Ainda se debate como e por quê isto aconteceu. Alguns acreditam que eles foram culturalmente assimilados durante a sua estadia na Babilônia. Como isto pode ocorrer em tão pouco tempo, levanta discussões interessantes entre historiadores e antropólogos.
Fontes: Superabril.com / História Viva / Wikipédia / Bíblia ( Nova tradução na linguagem de hoje e NVI).
Edição: Valter Pitta
Mapa da região de Israel, 830 a.C.
História
Origem
Até o século passado, todo o resplendor da civilização filistéia era apenas mais um dos mistérios indecifráveis da história da humanidade. Quem eram os filisteus, de onde tinham vindo e por que desapareceram, ninguém sabia. Tudo que se conhecia estava no Velho Testamento. E só. Era certo que chegaram como invasores e ocuparam as terras de Canaã, desde a atual faixa de Gaza até o território onde hoje se encontra a capital israelense, Telavive. Especulava-se também que chegaram lá entre os séculos XIII e XII a.C., já que as primeiras referências a eles são do chamado período dos Juízes, quando os descendentes de Abraão ainda não passavam de grupos de pastores e a única unidade entre as tribos judaicas era a religião. No mais, a narrativa bíblica enfatizava o convívio tumultuado entre os dois povos, até que, no século VII a.C., eles simplesmente somem tanto das páginas da Bíblia, como de Canaã e da história.
No século XVIII, no entanto, graças ao enciclopedista francês Dom Calmet, surgiria a primeira tese plausível sobre a origem dos filisteus. Especialista na Bíblia, em Lingüística e profundo conhecedor da História greco-romana, Calmet dedicou a vida àquilo que esperava ser a enciclopédia definitiva sobre todo o conhecimento bíblico. Mas durante seu trabalho deparou um problema: como escrever um verbete sobre os filisteus, se os textos bíblicos eram extremamente vagos? As únicas pistas que encontrou foram referências a eles como habitantes de uma misteriosa ilha chamada Caphtor ou ainda como integrantes da desconhecida nação dos ceretitas.
Uma barreira aparentemente intransponível, não fosse uma pista reveladora. Consultando uma versão da Bíblia em grego do século II a.C., feita em Alexandria, no Egito, Calmet viu que nação dos ceretitas tinha sido traduzida como nação dos cretenses. Seriam os filisteus cretenses? Mais tarde, ele achou uma confirmação valiosa de sua desconfiança em documentos bizantinos do século VI: neles, Gaza, um dos grandes centros filisteus, era chamada Minoa em homenagem ao rei Minos de Creta, que teria visitado a cidade e lhe dera seu nome. Quando publicou, em 1720, sua enciclopédia, Calmet já não tinha mais nenhum tipo de dúvida: Caphtor virou Creta e os filisteus foram apresentados como imigrantes cretenses em Canaã.
Invasão ao Egito
Embora não passasse de uma engenhosa conjugação de textos, sem provas históricas, hoje se sabe que antes da controvertida tese de Calmet ninguém chegou tão perto da verdade sobre os filisteus. Mas foi preciso esperar 109 anos até que, definitivamente, essa relação entre os filisteus e o mundo grego da Idade do Bronze fosse confirmada. E, novamente por obra dos franceses, na famosa excursão de Napoleão Bonaparte ao Egito, em 1798, a mesma que levou para a Europa a Pedra da Roseta usada por Jean-François Cham-pollion para decifrar os hieróglifos. Impressionado com um mural esculpido nas paredes de um templo no sul do Egito, um artista chamado Dominique Vivant Donon resolveu reproduzir suas cenas: batalhas em terra e no mar entre egípcios e um estranho povo com cocares de penas; pelejas que durante muito tempo se acreditou serem parte de uma campanha do faraó Sesóstris na Índia, no século XX a.C.
Em 1829, Champollion em pessoa enterraria essa versão durante sua visita ao templo, chamado Medinet Habu, quando traduziu uma palavra-chave que mudou totalmente a história daqueles desenhos: filisteus. Os relevos de Tebas não tinham nada a ver com Sesóstris ou a Índia, mas, sim, retratavam a vitória, cerca de 800 anos depois, de Ramsés III contra uma tentativa de invasão dos chamados Povos do Mar, guerreiros provenientes do Mar Egeu. Entre eles, os filisteus.
Nas paredes construídas por Ramsés III, hieroglifos recontam as disputas do século XII a.C.
Em Medinet Habu, o faraó perpetuou sua suposta vitória sobre os povos do mar.
A saga de Ramsés eternizada nas paredes de Medinet Habu é o marco da redescoberta da história filistéia e, atualmente, poucos duvidam de que o fracasso no Egito seja a origem da colonização de Canaã pelos Povos do Mar além dos filisteus, também se estabeleceram lá pelo menos mais três deles, os sardanas, os sicalaias e os danunas, todos presentes na tentativa de invasão do Império do Nilo. Foi provavelmente a serviço do faraó vitorioso que eles chegaram à terra dos cananeus. Na época, Ramsés enfrentava dificuldades para manter o controle de suas posses na região e pode ter enviado os prisioneiros de guerra, na condição de mercenários, para garantir a defesa de suas cidades. Além disso, quando tentaram entrar no Egito, os guerreiros do mar não vinham sozinhos, mas traziam mulheres e crianças: para muitos historiadores, a presença das famílias é uma prova de que o ataque aconteceu como uma migração em massa, após a destruição de Tróia. É quase certo que os Povos do Mar lutaram como aliados dos troianos e foram obrigados a fugir com a vitória dos atenienses e espartanos, novos senhores da Grécia e do Egeu, que ergueram seus domínios sobre as cinzas de potências micênicas como Creta, Chipre, Tróia e Micenas.
Daí em diante, tudo o que se sabe sobre os filisteus se deve ao trabalho de arqueólogos, que a partir da metade do século passado se empenharam em recuperar a memória dos filisteus e de todo o mundo micênico, desenterrando achados sensacionais como Tróia, o palácio de Cnossos em Creta e a própria cidade de Micenas. No caso da Palestina nome da região vem da transliteração hebraica de Philistia , o declínio da influência egípcia transformaria os filisteus em seus herdeiros naturais como senhores da região.
Uma Poderosa Civilização
Durante a fase dos Juízes, eles reinaram absolutos.
Juízes 1.18: Eles não tomaram Gaza, Asquelom e Ecrom e os seus territórios vizinhos. O Senhor Deus ajudou o povo de Judá, e eles conquistaram a região das montanhas. Mas não puderam expulsar os moradores do litoral porque estes tinham carros de ferro (carros de guerra de ferro).
Morte do Rei Saul de Israel
Em uma grande batalha os filisteus derrotaram os israelitas, mataram os filhos do rei Saul e como Saul já havia se suicidado, acharam seu corpo cortaram sua cabeça e mandaram ela e também as armas do rei através de mensageiros para o território filisteu a fim de darem as boas notícias ao seu povo para celebrarem a vitória. Os filisteus conquistaram o vale de Jezreel e ocuparam as cidades do vale.
I Crônicas 10.1-10: 1. Os filisteus lutaram contra os israelitas no monte Gilboa. Muitos israelitas foram mortos ali, e o resto fugiu. Entre os que fugiram estavam o rei Saul e os seus filhos. 2. Mas os filisteus os cercaram e mataram Jônatas, Abinadabe e Malquisua, filhos de Saul. 3. A luta estava feroz em volta de Saul, que foi atingido por flechas inimigas e ficou muito ferido.
4. ...Então Saul pegou a sua própria espada e se jogou sobre ela.
6. E assim Saul e os seus três filhos morreram juntos, e nenhum dos seus descendentes se tornou rei. 7. Quando os israelitas que moravam no vale de Jeszeel souberam que o exército de Israel havia fugido e que Saul e os seus filhos tinham sido mortos, abandonaram as suas cidades e fugiram . Então os filisteus foram e ocuparam aquelas cidades. 8. Um dia depois da batalha, quando os filisteus voltaram lá para tirar dos mortos as coisas de valor, acharam os corpos de Saul e dos seus filhos caídos no monte Gilboa. 9. Então cortaram a cabeça de Saul e pegaram as armas dele. Depois mandaram mensageiros com elas para o território filisteu a fim de darem as boas notícias aos seus ídolos e ao povo.
10. Eles puseram as armas dele num dos seus templos e penduraram a sua cabeça no templo de Dagom, o deus deles.
O poder militar e econômico de suas cidades, Ashkelon, Gaza, Ashdod, Gate e Ekron, era incontestável, assim como sua cultura, que aos poucos deixou de lado a reprodução da arte micênica para se tornar uma espécie de amálgama cultural com as mais variadas influências. A cerâmica foi abandonando o estilo típico dos egeus para ganhar personalidade própria. As covas coletivas também foram deixadas de lado, substituídas pelos enterros individuais em esquifes de barro inspirados nos sarcófagos egípcios. Em Ekron, por exemplo, descoberta na década de 80 pela arqueóloga israelense Trude Dothan, enquanto as residências mais antigas ainda guardavam o hábito de construir grandes círculos no meio dos salões, uma espécie de lareira central cultivada em palácios micênicos, nas construções mais novas eles foram descartados.
Mas não foi só o mito da bárbarie dos filisteus que sucumbiu ao trabalho dos arqueólogos. Apesar da rivalidade enfatizada pela Bíblia, não são poucos os que acreditam que durante muito tempo filisteus e hebreus compartilharam uma intimidade desconcertante. Segundo o arqueólogo israelense Yigael Yadin, Sansão, o truculento juiz da tribo de dã uma das doze que constituíram Israel , era descendente dos Povos do Mar: os Filhos de Israel da Tribo de Dã, na verdade, seriam danunas, os mesmos dos relevos de Medinet Habu. Para Yadin, só isso explica certas atitudes da gente de Sansão: seu pai, por exemplo, permitiu que ele se casasse com uma filistéia, hábito impensável para outras tribos, e o próprio Sansão costumava assediar sem cerimônia as mulheres inimigas. Não só freqüentou uma prostituta de Gaza, como sucumbiu aos encantos de Dalila, agente filistéia. Nenhum outro hebreu jamais se atreveu a tanta confraternização. Assim como nenhum outro herói bíblico é reverenciado por sua virilidade ou dotes físicos como Sansão, que lembra mais um deus grego do que um pastor judeu. Como os danunas desapareceram sem deixar vestígios, Yadin acha que eles entraram em choque com os filisteus e migraram para o norte, fundando a cidade de Dan e aliando-se definitivamente a Israel.
O próprio Davi, que com sua vitória conquistou a mão da filha do rei Saul e se tornou rei de Israel, parece ter convivido intimamente com eles. Davi quando foi perseguido por Saul se refugiou na cidade de Gate com seus 600 guerreiros servindo como mercenário a Aquis governador de Gate.
Sociedade
Uma mudança radical na imagem dos filisteus, que a cada nova escavação desvenda aspectos desconhecidos de uma história escondida pelas terras áridas do deserto. Cidades bem organizadas, cercadas por muralhas sólidas e com áreas industriais e residenciais nitidamente separadas, prédios públicos e templos grandiosos, palácios no mais puro estilo arquitetônico micênico, são pouco a pouco reconstruídos nos sítios arqueológicos.
Engenharia
Os Filisteus destacaram-se na arte da construção naval, introduzindo grandes inovações tais como a âncora de pedra com braços de madeira, a vela móvel para as embarcações e o cesto da gávea.
Arquitetura
A arquitetura também pôde se beneficiar: até então, a construção fazia uso apenas de pedras brutas e tijolos. Os povos do mar trouxeram a técnica de esculpir grandes blocos rochosos. Além disso, desenvolveram e aperfeiçoaram o processamento de metais.
Indústria
Tinham uma grande força econômica: em quase todos os seus centros urbanos, restos de inúmeras oficinas denunciam uma atividade incessante.
Pequenas confecções e tinturarias foram encontradas em quantidade. Sua indústria cerâmica, capaz de criar peças sofisticadas, enfeitadas com desenhos de espirais, pássaros, animais e homens marcas registradas da cultura micênica , contrastava com a humilde arte dos israelitas, que na época ainda produziam vasos de barro cru. A fama de sua metalurgia, que os próprios textos bíblicos registram, também não era gratuita: forjas de bronze e adagas finamente acabadas, com cabo de marfim, fazem parte de seu legado.
Em XI a.C., as cidades filistéias floresceram e destacavam-se pelos espaços amplos e pelas generosas construções. Os templos, erguidos em veneração a Dagan, impressionavam pela vastidão de suas galerias, cujas pilastras sustentavam tetos semi-abertos. Em seu interior, ardiam fogos sagrados, e altares móveis, nichos e plataformas de oração guarneciam os locais de culto. Em Ashcalon, vinhos exóticos eram produzidos e exportados. Numerosas garrafas foram desenterradas no local, comprovando que os habitantes dessa cidade gostavam de consumir a bebida, além da tradicional cerveja. Ecron, por sua vez, alcançou fama nacional e talvez até internacional pela produção de outro líquido precioso: o óleo de oliva, que se destacou na época pela excepcional qualidade. As instalações para produzir azeite de oliva eram tão grandes que, pelos cálculos dos estudiosos, a produção média devia ultrapassar 1 milhão de litros por ano, um quinto do que Israel exporta atualmente.
Culinária
Seu cardápio incluía – além de boi, carneiro, aves e cabra – carne de porco, ingrediente culinário impensável para os hebreus e não encontrado nas montanhas vizinhas, habitadas pelos israelitas.
Religião
Os seus principais deuses eram Dagon, Baal-Zebub e Astarote.
Os filisteus não veneravam um único deus patriarcal mas uma grande quantidade de deuses e deusas.
Dagon
Dagom — Peixinho; diminuitivo de dag = peixe, o deus-peixe; Esse ídolo tinha o corpo de um peixe, a cabeça e os braços de um homem. Era uma deidade assíria-babilônia. Dagom teve origem na Babilônia.
Dagom representava a fertilidade, e a abundância na pesca. poderiam suprir seu povo com ouro e gemas preciosas, além de garantir fartura em sua principal atividade. a pesca. Em troca, sacrifícios humanos eram oferecidos de tempos em tempos aos "Profundos", em nome de Dagon.
Para veneração a Dagon, templos eram erguidos e impressionavam pela vastidão de suas galerias, cujas pilastras sustentavam tetos semi-abertos. Em seu interior, ardiam fogos sagrados, e altares móveis, nichos e plataformas de oração guarneciam os locais de culto.
Havia templos consagrados ao deus Dagom em Gaza e Asdode
Esse mesmo "deus" e seus templos de adoração são referenciados por diversas vezes no Antigo Testamento, em trechos de José e Samuel. O evento mais conhecido nas escrituras, é a destruição de um de seus templos por Sansão, em seu último ato.
Sacerdote de Dagom vestido com uma mitra espargindo água benta com uma mão e segurando uma vasilha de água na outra.
Dois sacerdotes de Dagom espargindo água benta enquanto olham para um símbolo egípcio da adoração ao sol.
A Dagon era oferecido os despojos das vitórias:
(Jz 16.23,24;) Os líderes dos filisteus se reuniram para oferecer um grande sacrifício a seu deus Dagom e para festejar. Comemorando sua vitória, diziam: “O nosso deus entregou o nosso inimigo Sansão em nossas mãos”. Quando o povo o viu, louvou o seu deus:“O nosso deus nos entregou o nosso inimigo, o devastador da nossa terra, aquele que multiplicava os nossos mortos…Por isso, até hoje, os sacerdotes de Dagom e todos os que entram em seu templo, em Asdode, não pisam na soleira.
Em certa época os filisteus, derrotaram Israel depois de uma grande batalha, e levaram a arca do concerto (arca da aliança).
Os filisteus a colocaram em um templo que era dedicado a Dagon, deus dos filisteus. Para os filisteus a arca tornou-se um grande problema. Por duas vezes a imagem de Dagon caiu durante a noite diante da arca o que constrangeu os filisteus que também tiveram milhares de pessoas com tumores e a terra deles fora tomada por ratos, sendo que o castigo só terminou depois que devolveram a arca para os israelitas.
Os filisteus concluíram que a arca era sagrada e nunca mais ousaram toma-la. (1 Sm 5.5,6)
(1 Cr 10.9-10) Então cortaram a cabeça de Saul e pegaram as armas dele. Depois mandaram mensageiros com elas para o território filisteu a fim de darem as boas notícias aos seus ídolos e ao povo.
Eles puseram as armas dele num dos seus templos e penduraram a sua cabeça no templo de Dagom, o deus deles.
Baal-Zebube
Deus Filisteu de Ecrom; (Ecrom – Era a mais setentrional ou mais ao norte, das cinco cidades pertencentes aos príncipes dos filisteus).
Havia ali um grande santuário de Baal. O ídolo de Baal que foi adorado era chamado Baal-Zebube (Dono das Moscas)
Era o deus responsável por livrar o povo da praga das moscas. Os cultos a baal eram os mais imorais possíveis, e dentre os ritos eram praticados entre outras coisas o culto a "prática sexual", por ser a responsável pela reprodução de seres vivos.
Astarote
Astarote, ou Astarte, com os seus crescentes, o era com a Lua, simbolizada pela vaca. o culto desta deusa veio dos caldeus para os cananeus. Era a deusa-mãe com aspectos de deusa da fertilidade, do amor e representando uma mulher despida, poder produtivo e da guerra. Entre os filisteus o seu culto era acompanhado de grande licenciosidade, em que os bosques representavam uma proeminente parte. As pombas eram-lhe consagradas.
O Gigante Golias
A provocação vinha de muitos dias. As tropas alinhadas frente a frente nas colinas de Judá não tinham se encorajado ao combate, mas o fanfarrão Golias não poupava os israelitas. Desde a derrota de Ebenezer, por volta de 1050 a.C., quando a Arca da Aliança foi capturada pelos filisteus, os judeus vinham amargando seguidas humilhações para seus eternos rivais, e as bravatas do gigante Golias pareciam confirmar esse destino. Com quase 2 metros de altura, diariamente ele desafiava os guerreiros de Israel, sem jamais encontrar resposta. Um dia, porém, alguém resolveu aceitar o convite. Não um soldado, mas um jovem chamado Davi. Munido apenas com uma funda, o rapaz enfrentou o desafiante e conseguiu o que parecia impossível: a pedra lançada por sua arma atingiu a cabeça do gigante Golias, derrubando o mais bravo dos soldados filisteus e, com ele, o moral do seu exército.
Enquanto para os hebreus surgia ali um novo herói, o futuro rei que unificaria Israel e Judá, para os filisteus aquela pedrada certeira foi o início do fim. Com a derrota de Golias, começava o declínio da hegemonia em Canaã desse misterioso povo, que atravessou quase 3.000 anos de história condenado ao papel que a Bíblia lhe reservou: uma escória de bárbaros cruéis e mudos, sem direito a sua própria história, já que nenhum vestígio deles foi encontrado até a metade do século passado. Nas últimas décadas, no entanto, escavações arqueológicas em Israel revelaram outra face dos filisteus, bem mais fiel à realidade do que aquela pintada nas passagens bíblicas. Os vilões que subornaram Dalila para descobrir o segredo da força de Sansão, os ladrões que se apoderaram da Arca da Aliança e encontraram em Davi o seu algoz eram uma sociedade brilhante e desenvolvida, que durante muito tempo foi uma espécie de agente civilizatório da cultura grega micênica na região de Canaã.
Declínio e Desaparecimento
Davi, quando subiu ao poder, em 1006 a.C., não demonstrou condescendência com seus inimigos. A união de Judá e Israel fez do novo Estado israelita a grande potência regional, aniquilando o poderio filisteu: cidades como Qasile e Ekron foram transformadas em cinzas e as rotas comerciais do interior ficaram com os hebreus.
Além dos hebreus, os arameus, babilônios e assírios foram de igual importância para sua decadência. Os arameus, por exemplo, não mediram esforços para conquistar a cobiçada Gate e, no século IX a.C., chegaram a sitiá-la, escavando um poço com mais de seis metros de profundidade e sete de largura. Após ser tomada, a cidade nunca mais se recuperou da destruição, desaparecendo dos registros por volta do século VII a.C. A última menção a ela ocorre em 712 a.C., quando foi conquistada pelos assírios e obrigada a pagar pesados tributos ao rei Sargão II, que no mesmo período dobrou Ecron ao seu jugo. Ashdod já havia se tornado província assíria um ano antes.
Os filisteus, sobreviveram e, com a chegada dos assírios, conheceriam um novo período de apogeu: Ekron, depois de conquistada pelo rei Sargão II, em 712 a.C., foi promovida a capital da província assíria de Canaã e voltou a brilhar. Até que, 100 anos depois, o novo período de glória encontraria um fim trágico e definitivo. Ironicamente, compartilhado com os hebreus. Após a conquista de Israel e a destruição do templo de Jerusalém, em 586 a.C., Nabucodonosor dedicou-se a aniquilar a civilização filistéia. O Rei destruiu as cidades filistéias de Ashod, Askalon e Ekron (Gate já havia sido destruída no século IX a.C em guerras contra os Arameus). Elas foram arrasadas e queimadas pelas tropas de Nabucodonosor.
Invasão Babilônica
Com a chegada de Nabucodonosor, Ecron, Ashdod e Ashcalon, sofreram a derradeira destruição. As escavações testemunham o cenário de horror que se estabeleceu. Ashcalon, com suas ruas de comércio, templos e palácios, foi inteiramente incendiada. Nada nem ninguém foi poupado, e os sítios arqueológicos atestam a existência somente de escombros de guerra. Em Ecron, o fogo dos conquistadores ardeu com tamanha intensidade que arrebentou as pedras calcárias das construções. Nenhuma peça de cerâmica permaneceu inteira, comprovando a violência do assalto que se abateu como uma catástrofe natural sobre a cidade. Depois da completa destruição, os poucos moradores sobreviventes foram aprisionados e deportados para a Babilônia.
Os sobreviventes de todas elas também foram levados para o cativeiro da Babilônia, a milhares de quilômetros de distância de suas cidades destruídas.
Ao contrário de seus inimigos Hebreus, quando da queda do Império Babilônico pelos exércitos de Ciro, o grande da Pérsia, os Filisteus não retornaram às suas cidades. Elas ficaram abandonadas por muitos anos até serem novamente ocupadas por outros povos sob domínio do Império Persa (sobretudo Fenícios). Os Filisteus desapareceram da História. Um povo inteiro deixou de existir. Ainda se debate como e por quê isto aconteceu. Alguns acreditam que eles foram culturalmente assimilados durante a sua estadia na Babilônia. Como isto pode ocorrer em tão pouco tempo, levanta discussões interessantes entre historiadores e antropólogos.
Fontes: Superabril.com / História Viva / Wikipédia / Bíblia ( Nova tradução na linguagem de hoje e NVI).
Edição: Valter Pitta
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7 comentários:
Muito boa esta matéria. Trouxe muitos esclarecimentos que nos facilita a compreensão das civilizaçãoes naquela época. Um abraço!
Apesar de ter lido 1 grande texto, foi fascinante a leitura, embarquei na História, e ao contrário, nenhum cansaço ou fatiga...
Parabéns por sua dedicação quanto a pesquisa.
Vai ficar na minha memória tal relato deste povo.
Hummm entendi isso quer dizer que os filisteus eram argentinos !!!
Gostei da materia, rica e abrangente, fico porem com algumas duvidas, como um povo "civilizado e brilhante" pode cultuar uma entidade cheamada de Senhor das Moscas (BAal-Zebub) e ainda pior, sacrificar seres humanos a dagan???
Achei ótimo seu texto, claro que puxa um pouco de elogios aos Filisteus, mas isso eu entendo, porque Lúcifer também era um arcanjo de luz maravilhoso, cujo orgulho o levou ao inferno, e você quiz dizer que os filisteus também eram um povo brilhante, porém que tinha atitudes horríveis perante os inimigos, e com suas adorações á deuses que não existiram, ofendiam á Deus, e os cristãos, com a ajuda de Deus, um dia tomaram coragem e simplesmente destruíram até o último Filisteu que andou sobre a Terra.
Confiando na palavra de Deus, sei que isso é plenamente possível. Hora, com tantos relatos de vitórias do povo de Deus sobre homens que tocavam no povo dele, e foram derrotados, porque não acreditarmos que Deus deu ordem e poder ao povo cristão, para que aniquilassem os filisteus do planeta? É o que aconteceu.
Pr. Marcos Marciliano.
Ótimo estudo para os interessados em se aprofundar em sabedoria e conhecimento, muito edificante para Prof, de escola bíblicas, pregadores da palavra de Deus etc...
Parabéns.
A Arqueologia Filistéia de 1980 não relata nada sobre Davi [juda], sobre hebreus [eber] ou sobre israelitas [jaco / israel]. O Tanack não é 1 livro de História ou 1 tratado de Arqueologia, portanto incluir personagens bíblicos não comprvados em nada contribui p/ o aprendizado dos alunos que porventura acessarem seu blog p/ pesquisa escolar.
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